O projeto “A África está em Nós” celebrou sua 10ª edição com um grande espetáculo de artes cênicas, envolvendo mais de 300 participantes, e recebeu 1,4 mil espectadores em três dias de apresentações gratuitas no núcleo São Félix. Desenvolvido desde 2015 pela Estação Conhecimento, espaço mantido pela Fundação Vale, o projeto contribui para a valorização da cultura afrobrasileira e o combate ao preconceito. Em 2024, conta com patrocínio do Instituto Cultural Vale, via Lei Federal de Incentivo à Cultura.
A programação incluiu apresentações de capoeira, dança, teatro e música, que exploraram temas como identidade e ancestralidade africana, a partir de ritmos africanos, como o Ijexá e a Toada, e da puxada de rede na capoeira, apresentação artística que retratou a pesca do xaréu com rede, atividade que era praticada por negros recém-libertos para sobreviver.
De acordo com o coordenador cultural da Estação, Deyvid Borges, o diferencial deste ano foi oportunizar a todas as turmas que participaram das oficinas. “Este ano a gente ousou colocar todas as turmas para apresentar, com a média de 300 crianças, entre jovens, adolescentes e adultos, participando das apresentações de capoeira, dança, musicalização, jogos musicais e teatro. Tivemos um universo de apresentações que culminaram em três dias de apresentações”, explica.
Todos os anos, a autônoma Maria de Lourdes Ferreira prestigia a programação e sempre se emociona. “Gosto muito de vir, porque minhas filhas participam do espetáculo e, também, porque sei que aqui elas aprendem a enfrentar o preconceito que existe lá fora,” celebra.
Para o professor de teatro Wesley Ferreira, participar do projeto é uma experiência transformadora: “Este é o segundo ano que participo como professor de teatro, e é sempre enriquecedor, porque combatemos o racismo a partir do autorreconhecimento. Fazer com que essas crianças se reconheçam como pretas é um primeiro passo para enfrentar o racismo”. (INSERIR AQUI FOTO DO WESLEY)
Segundo Audileide Oliveira, diretora da Estação Conhecimento Marabá, a iniciativa inspira a comunidade a respeitar a diversidade. “Trabalhar a autoestima e a cultura negra é essencial. Cada ano, em novembro, culminamos com apresentações que refletem o que foi aprendido nas oficinas artísticas, e isso permite que a inclusão seja vivida e entendida pela comunidade,” explica a gestora.
Valéria Gomes, de 19 anos, atendida pelo projeto desde 2016, sente-se grata pela oportunidade de mostrar ao público a riqueza da história afrobrasileira. “É gratificante ver as pessoas encantadas com nosso trabalho e poder resgatar uma história que é, muitas das vezes, apagada. Aqui, conseguimos mostrar nossas origens e raízes,” afirma.
Além das apresentações, a equipe socioeducacional da EC Marabá também preparou exposições com temáticas relevantes dentro do processo da África e da consciência negra.