Um encontro marcado pelo diálogo e troca de experiências, assim foi a primeira Oficina Social com Famílias, realizada pela Estação Conhecimento de Marabá, por meio do projeto Conexão Família, no dia 11 de abril, voltada às pessoas em acompanhamento familiar multidimensional (AFM). Participaram do encontro cerca de 165 famílias dos núcleos São Félix e Morada Nova, incluindo adultos e crianças.
Com o tema “Território: vulnerabilidades e potencialidades”, a atividade teve como objetivo principal apresentar a metodologia de trabalho para o ano vigente, além de proporcionar um espaço de escuta ativa e construção coletiva de saberes, a partir das vivências dos participantes em seus bairros.
Durante a programação, os presentes foram divididos em quatro grupos temáticos, de em média 40 pessoas, conduzidos por Articuladores Sociais e Assistentes Sociais da instituição. A pergunta que norteou os debates foi: “E do lado de cá da ponte, como está?”, promovendo uma reflexão profunda sobre as realidades territoriais enfrentadas pelas famílias.
Entre os principais temas discutidos, destacaram-se: falta de saneamento básico, dificuldades no acesso à saúde, especialmente em especialidades médicas, deficiências na infraestrutura urbana, como ruas esburacadas e ausência de transporte público adequado, falta de acesso à água de qualidade, preconceito territorial e dificuldade de inserção no mercado de trabalho, além da necessidade de mais investimentos em educação para crianças e adultos.
Relatos dos moradores
Os relatos dos participantes evidenciaram a realidade local. A moradora Arli Silva, de 34 anos, compartilhou sua percepção sobre as condições de infraestrutura em seu bairro. “No bairro em que moro tem lixo espalhado pelas ruas, as ruas são de difícil acesso, cheias de buracos, e tem lugares onde o carro nem entra”, contou.
Já a moradora a moradora do Residencial Magalhães, Jéssica Nascimento, 34 anos, falou sobre os desafios enfrentados com a falta de saneamento básico: “Na minha casa, tive que cavar minha própria fossa. No Residencial Magalhães, sofremos com a falta de saneamento. À noite o cheiro é insuportável por causa de fossas abertas e esgoto a céu aberto. Precisamos nos unir mais para conquistar nossos direitos.”
Complementando a discussão sobre serviços essenciais, Cíntia da Silva, 35 anos, moradora do Residencial Tocantins, destacou a dificuldade de acesso à água: “Aqui no bairro temos que esperar o horário certo para a água chegar. Ela só fica ligada por uma hora e meia, e dependemos disso.”
No que diz respeito à inclusão no mercado de trabalho, Cleia do Carmo, 45 anos, moradora de Morada Nova, trouxe um relato que evidencia o preconceito territorial, segundo ela, a filha já participou de vários processos seletivos, mas não é contratada. “Quando descobrem que ela mora em Morada Nova, ela é descartada. Isso é muito injusto”, desabafa Cleia.
Pontos positivos
Apesar dos inúmeros desafios, as oficinas também revelaram aspectos positivos reconhecidos pelas famílias em seus territórios. Francineia Rodrigues de Sousa, 39 anos, moradora do bairro São Félix 2, expressou sua satisfação pela presença da Estação Conhecimento na comunidade.
“A Estação Conhecimento é um orgulho. É um ponto positivo muito importante para nós aqui do São Félix. Tem cursos, acompanhamento, e é uma bênção na vida de todos”.
Na oportunidade, Vablícia de Lima, 35 anos, moradora do bairro Magalhães 1, destacou as oportunidades de qualificação profissional oferecidas no território. “A Estação ajuda a gente a empreender, com cursos de cabeleireira e outros que nos capacitam para o mercado de trabalho”, conclui.
O encontro foi finalizado com uma reflexão coletiva sobre os desafios enfrentados pelas famílias e as estratégias possíveis para fortalecer o acesso aos direitos sociais, consolidando o território como espaço de construção cidadã e de transformação social.











